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Imagem do congresso latinoamericano de satélites com o seguinte texto: Banda C e 5G: Anatel Espera testes para se posicionar
Congresso Latino-Americano de Satélites (FOTO: Tela Viva)

As discussões sobre a chegada do 5G no Brasil e a interferência que seria causada nos serviços de satélite que operam na Banda C continuam se estendendo. No entanto, diferente do que foi a limpeza da faixa de 700 MHz que foi vendida para os serviços de 4G em 2014, a solução provavelmente não será tão simples.

Debates sobre o 5G

Nesta quinta feira, 26, no Rio de Janeiro ocorreu o primeiro dia do Congresso Latino-Americano de Satélites; onde a proposta das emissoras de TV foi confrontada pelas operadoras de Telecomunicações. Anteriormente, no final de agosto a Anatel formalizou a proposta feita pela Abert e pela Abratel, que prevê a migração para a banda Ku dos sinais das emissoras de TV aberta que hoje ocupam a banda C.

Uso da Banda C

A grande problemática da implantação do 5G no Brasil é a interferência nos serviços que utilizam a Banda C. Existem hoje 11 satélites brasileiros operando em banda C. Todos eles podem ser afetados quando a faixa de 3,5GHz começar a ser utilizada para transmissões de banda larga móvel 5G. Contudo, alguns desses satélites carregam canais de TV não codificados, que são facilmente captados com uma parabólica e um aparelho de recepção adequado para a frequência (serviço conhecido como TVRO).

“Não há dúvida de que o satélite continuará sendo essencial na distribuição da TV aberta no Brasil. Hoje a banda C é relevante porque é gratuita e acessível. (As TVROs) fazem hoje uma entrega superior à radiodifusão terrestre, porque o sinal está em todo o Brasil. Mas está claro pelos testes que a convivência do 5G na banda C é complicada.”

– Roberto Primo no Primeiro dia do Congresso

Possíveis Soluções

Roberto Primo, diretor de distribuição do Grupo Globo, foi responsável por apresentar a proposta das emissoras de TV, que sugeria a migração para a Banda Ku dos sinais de emissoras de TV aberta que hoje ocupam a banda C. Juntamente a uma distribuição de kits de migração para a banda Ku para usuários beneficiários do Cadastro Único.

Antonio Ianeli, representante das teles, se contrapõe a solução sugerida anteriormente. Afirmando que a melhor solução seria aplicar filtros onde ocorresse interferências no sinal.

“O futuro da TV via satélite passa pela oferta multisserviços e por IP; mas a banda C permite uma continuidade na prestação do serviço e é a mais confiável para TV aberta. Precisamos utilizar as soluções mais otimizadas, e a nossa proposta é a instalação de filtros”

Antônio Ianelli no Primeiro dia do Congresso.

Filtros inexistentes

Apesar de ser sugerido pelas teles, os filtros que possibilitariam a coexistência do 5G e da TVRO na mesma faixa não apareceram ainda. Segundo Vinícius Caram, superintendente de recursos à prestação da Anatel. Porém Ianelli pontua que os mesmos existem; são fabricados pela Greatek e foram desenvolvidos desde que se testou a convivência do WiMax com a faixa de 3,5GHz.

“Por alguma razão eles não entraram nos testes da Anatel, mas nos nossos testes realizados a partir do dia 10 de outubro isso vai ficar claro”

Antônio Ianelli no Primeiro dia do Congresso.

Posicionamento da Anatel

A Anatel ainda pretende realizar os testes segundo Caram. Porém, ainda é preciso haver uma formalização de convite e uma decisão da agência sobre participar ou não e em que condições. Caram também ressalta ser necessário fazer as contas e confrontar os modelos antes de tomar uma decisão. Entretanto se a solução escolhida for a migração para a banda Ku, o MCTIC ainda precisará regular o mercado de broadcast em Banda Ku.

Custos

Os custos da migração também foram considerados durante o debate. O valor estimado para a migração seria de R$ 2,9 bi, enquanto o valor para a instalação dos filtros seria de R$ 500 milhões. Todavia após questionamentos sobre as metodologias de cálculo, ficou evidente que caberá Anatel analisar as contas e qual a melhor solução visando custo/benefício.

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